Vagueio algures por aí
Na esperança da salvação
Vagueio algures por aí
Em busca de uma explicação
Sinto o ar frio no rosto
O coração quente se retrai
O tempo muda com o sol-posto
A noite lembra o que a vida não tem
Procuro a resposta numa chávena de café
Serro os dentes com cafeína
O amor é muito mais que um cliché
É para a vida o opium, a morfina
Acomodo a solidão entre os dedos
De umas mãos vazias de ti
Respiro em cada ciclo os medos
De uma felicidade que ainda não vivi
Vicio-me no silêncio
Estou obcecado pelo vazio
Não sou mais que um corpo suspenso
Entre o quente e o frio
Drogo o espírito a cada dia
Encaro o rumo que não conheço
A solidão também vicia
Mas não é mais que um limitado acesso
Percorro a corda bamba que agito
Equilibro nos ombros os sentimentos
Trago no bolso o manuscrito
O relatar de todos os momentos
Tiago Coelho